Estou Viciada no meu Telefone?

Partilho este texto que escrevi há uns dias com aquele aperto na garganta de quem está prestes a abrir o coração.
O tema do exagero no uso das redes sociais (RS) não é novidade apra ninguém e também eu fui apanhada “na rede”. É muito fácil dizer que apenas uso as RS para trabalho mas a verdade é que dava por mim a verificar as novidades com demasiada frequência e sentia-me frustrada com tudo aquilo que via.
Nos últimos meses tenho feito vários esforços para estar menos online e acho que estou a ter alguns resultados, devagarinho e com calma, de forma saudável. Confesso que a minha vontade é, às vezes, apagar tudo e deixar de me importar. O que aconteceu? O que me fez achar que o meu uso das RS era mais grave que o “normal”?
Aqui vai o meu testemunho, um conjunto de frases apenas. Não é nenhum artigo informativo cheio de dicas para reduzir o tempo online, não vos trago soluções, receitas ou mezinhas caseiras. Senti que devia partilhar o que me vai na alma e o que ninguém faz ideia que me (nos?) passa pela cabeça.
Keep reading…

 

Há uns meses, em Agosto, nuns dias em que me sentia letárgica e sem energia, descarreguei uma daquelas apps que nos dizem quanto tempo passamos no telefone.
A preguiça rapidamente estava a atacar os meus dias, uma hora atrás da outra e parecia que não conseguia sair da cama. Sem vontade, sem fome, a única coisa que me ligava ao “mundo real” era… O telefone.

Abria o Instagram, respondia a umas mensagens, viajava por contas dos quatro cantos do mundo em busca de “inspiração”; espreitava os e-mails e apagava as publicidades que anos antes assinei para receber mais “inspiração”; voltava a ver as últimas fotografias tiradas, algo entre o último pequeno-almoço, a mesa de trabalho – “inspiradora” – e os meus rituais matinais; editava as mais bonitas e pensava quais partilhar primeiro; abria a App das páginas do FB e confirmava os novos likes para depois voltar ao Instagram: “O que terá acontecido entretanto? Haverá coisas novas?” Que pergunta…!

Presa a este ritualzinho automático, à cama / sofá e à horizontalidade, num devaneio de bom senso, descarreguei a tal aplicação.

Aparentemente nas últimas 24 horas tinha passado 7 horas ao telefone. s e t e   h o r a s . Uma noite de sono. Uma aula de cozinha nos meus tempos de escola. Uma viagem de carro Lisboa – Madrid. Quase um terço do dia. Tendo em conta que durmo 8-9 horas… METADE DO MEU DIA.

Tenho que admitir que foi um choque e sabem o que mudou nos dias seguintes? Pouco. Passei a ter medo da tal aplicação e tentei ser mais rápida no Insta, ignorar os likes do FB, ver os e-mails no computador (vá, só uns rápidos aqui no telefone) e editar as fotografias de forma mais eficaz.
“Oh, calma… Também grande parte do meu trabalho é aqui… Que app mais ridícula, mais vale apagar e reduzir o meu tempo online sozinha”.

Eventualmente a letargia deu lugar a uns dias de praia, energias restauradas e culpei o mercúrio retrógrado por aquela semana meia mole e fora do normal. Já passou…

Mas a partir daí alguma coisa em mim mudou.

Comecei a reparar que, cada vez que abria uma rede social e via o que as pessoas andavam a fazer, me comparava imeditamente com elas, com o seu trabalho, com as suas vidas, com o nível do seu sucesso. Eu sentia-me inferior de alguma maneira.
Continuei ligada às RS, comecei a usar mais as ferramentas de estatísticas do IG, a dar atenção a quantos likes cada post tinha, quantas pessoas viam as minhas stories… Tentava perceber o que dava sucesso uma publicação e o que haveria de errado nas partilhas menos populares.

Comecei a fartar-me de estar “online” e passou a ser cada vez mais pesado o tempo que passava a responder-vos, a pensar em conteúdos e até a seguir as minhas “inspirações” pois elas já não me inspiravam, em vez disso davam-me mais motivos para estar frustrada e farta de estar “on”.

O que é isto?! Em que é que me tornei??
Foi preciso ver-me de fora para não me reconhecer. Fiquei chateada comigo. “Como é que te tornaste isso? Falas de saúde e equilíbrio e és a primeira a quebrá-los?”
“Onde está a Joana que diz ‘Bom dia! Bom dia Vida!’, que cria coisas bonitas para si própria e que as partilha feliz sem pensar em estatísticas?”

Não sei como acabar este desabafo mas já decidi sair deste filme.
Ser mais consciente com o meu tempo online e usá-lo apenas enquanto me faz bem.

Num mês de detox depois das festas do Natal, eu quero apertar o cinto a este écran de bolso e desintoxicar-me de likes, shares, comentários e estatísticas que só nos engordam… O ego.

 

Pergunta-te também a ti:
Como te sentes durante o tempo que passas online?
Faz-te sentir melhor, inspirada e alegre? Ou frustrada, invejosa e triste?
Quanto tempo por dia passas no telefone – ou no computador?
Se estivesses mais conectada com o presente serias mais feliz?

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