Inicialmente tinha-me proposto a calcorrear Bali de lés a lés e ainda conhecer outras ilhas pelo caminho. Os meus planos caíram por terra logo nos primeiros dias. A verdade é que vinha acelerada e queria fazer mil coisas, mas quando cheguei comecei a abrandar o ritmo e percebi que esta viagem ia ser mesmo para descansar, parar, pensar e aproveitar.
Como sempre, não sei se vi os sítios mais turísticos e viajei como mais gosto: como quem lá vive. Um dia de cada vez, sentir a energia dos lugares, não fazer grandes planos e absorver tudo ao máximo. Comprar fruta no mercado, descansar em casa quando sentia que precisava, ir à praia sem saber o que fazer depois. Dolce fare niente.
Partilho aqui as respostas a várias perguntas que me foram feitas e os meus lugares preferidos. Vamos a isso?
VOOS
O voo mais fácil, a partir de Portugal, é pela Emirates, Lisboa – Dubai – Denpasar.
Eu fiz outras escalas que tornaram a viagem bem mais cansativa mas também mais acessível.
Procurei voos a começar noutras cidades da Europa e saí de Paris com a Eva Air. Gostei da companhia, cremes e face mists nas casas de banho fazem ganhar muitos pontos! Outro plus foi poder escolher opções de refeições vegan quando fiz o check-in online, já muitas companhias oferecem esta opção.
Levei apenas uma mochila (36lt) comigo e foi o suficiente porque gosto de viajar com pouco e não faço questão de ter grandes outfits.
DORMIR
Saí de Portugal com as primeiras quatro noites marcadas e o resto fui resolvendo com o passar dos dias.
Conheci várias pessoas e fomos dividindo casas giras através do Airbnb.
Em toda a ilha há opções que começam nos 9 euros (!!) por isso apenas basta escolher que tipo de quarto se quer e que comodidades são imprescindíveis.
Podem optar por hostels, homestays (normalmente os vossos anfitriões vivem nas imediações), hotéis ou apartamentos / villas onde alugam o espaço completo ou apenas os quartos que precisam.
ANDAR PELA ILHA
A melhor maneira de conhecer os lugares e de fugir ao trânsito é mesmo andar de mota. Por menos de 4,00€ por dia alugam uma acelera e, acreditem, é um investimento que vão querer fazer. Andar na estrada por ser caótico, principalmente nas estradas principais que ligam as cidades e vilas, mas é uma questão de hábito e de perder o medo: ninguém tem interesse em ter um acidente!
Pode-se descarregar uma app (Uber, GoJek, Grab) e ter serviço de táxi (mota ou carro) a qualquer hora.
Os táxis estão disponíveis em muitos lugares e convém regatear o preço, eles vão sempre pedir mais por sermos turistas.
Convém usar um táxi ou alugar um driver quando precisarem de mudar de uma cidade para outra. Com malas ou mochilas, a mota torna-se um filme e podemos sempre alugar outra no próximo destino.
SOZINHA?
Para quem perguntou, sim, fui sozinha. Não, não é perigoso!
A Indonésia é um país maioritariamente muçulmano mas em Bali pratica-se o Hinduismo Balinês. Uma mistura das influências indianas com tradições centenárias da ilha que foram muito bonitas de conhecer.
Resumindo: Eles são uns amores, querem sempre ajudar e têm sempre um sorriso para partilhar com quem se cruzam.
CANGGU
Acabei por passar grande parte dos dias em Canggu. Canggu é “o fim” da parte mais desenvolvida da ilha (Kuta, Krobogan, Seminyak), ainda está a crescer e mistura vida de praia, surf e barzinhos relaxados com escolas de yoga boas, cafés interessantes, lojinhas orgânicas e acomodação acessível. Está ocidentalizado, é verdade, mas ainda conseguimos sentir a hospitalidade balinesa.
Em Canggu fiz muito yoga, muitas massagens, muita praia e comi muuuito bem, mas muito pouco balinês. As minhas dicas reflectem isso mesmo.
Fazer
- Yoga
Eu adorei o Samadi Bali, um shala onde se practica principalmente Ashtanga com o Damien, um professor autorizado que foi uma ajuda maravilhosa na minha prática. O espaço também conta com um café que serve pequenos-almoços e almoços onde tudo é orgânico, saudável e delicioso. As smoothie bowls são generosas e as opções indianas uma delícia. A minha bebida preferida foi o Yogi Cooler.
Também se pode dormir no Samadi, num espaço muio bonito e acolhedor.
Outra escola a visitar é o The Practice. Uma simples visita ao instagram mostra-nos um shala lindo, construído em bambu, amplo e inspirador onde se pratica Hatha e outros tipos de yoga. Há várias actividades no calendário e eu recomendo as sessões de cinema, adorei ir e assistir a um filme interessante, deitadinha cheia de almofadas e mantas.
O Serenity devia ter uma categoria sozinho porque, para além de oferecer muitas aulas de yoga, disponibiliza alojamento, tem uma vasta oferta de tratamentos de corpo, uma lojinha biológica com mercearias secas, cremes caseiros e roupa de desporto. E claro, tem também um restaurante com uma graaande carta vegetariana com várias opções cruas e cozinhadas de bebidas, snacks, refeições e sobremesas.
- Massagens
Uma das coisas a fazer em Bali e, arrisco-me a dizer, na Ásia, é marcar uma massagem. Os valores valem muito a pena até para experimentar vários sítios diferentes até se encontrar o que se gosta mais.
Gostei muito da massagem balinesa no Serenity e recomendo.
No entanto, assim que conheci o Tranquility Spa fiquei fã e não fui a outro lugar. É um espaço modesto e minúsculo com três salas, gerido pela Lili que trabalha com mais duas senhoras. Recomendo a facial hidratante, a esfoliação que repeti sempre que pude, a massagem de relaxamento e a massagem às costas e aos ombros. Uma amiga fez várias vezes a reflexologia e adorou.
- Praia e Surf
Fiz muita praia em Canggu e fiquei sempre em Echo Beach, onde há melhores ondas e menos gente.
Há vários warungs e quase todos disponibilizam aulas de surf ou pranchas para alugar.
Para passar umas horas na praia, recomendo o Warung Ketut, quase no fim da praia, onde o Ketut e a Wayan são amorosos e me davam sempre um côco sem palhinha porque já sabiam que eu levava a minha de bambu.
Prefiro sempre praias mais vazias e explorei a costa oeste, sempre quase sem ninguém e com praias muito tranquilas. A areia é sempre preta e o mar tende a ser agitado. Se procuram praias paradisíacas com mar calminho e areia branca, não é aqui.
- Tratamentos holísticos
Em toda a ilha há ofertas de tratamentos holísticos a bons preços e que, a quem fica mais do que uns dias em cada local, dá vontade de experimentar. Em Canggu recomendo o The Detox Room para cupping e hydrotherapy. Em Ubud podem usufruir destes tratamentos em mais lugares, dos quais destaco o Yoga Barn.
Comer
- Shady Shack
Não sei quantas vezes fui ao Shady Shack, é mesmo um dos melhores spots de Canggu! Tem opções vegetarianas mais e menos saudáveis, com muitos “pecados” de fazer perder a cabeça. Os meus pratos preferidos? Crispy mushrooms e fresh garden rolls. Há opções de pequeno-almoço e almoço e uma lista de bebidas deliciosas. Decoração ideal para um café tropical de onde não apetece sair.
- Peloton
O Peloton e o Shady são os meus dois favoritos desta zona. Aqui todos os pratos são lindos, a decoração é simples e o menu incrível. Os meus favoritos? O batido stawberries & coco cream, team taco, tour de Bali (nasi campur) e potato hash stack
- Samadi
Gostei muito do boule de chai latte, das smoothie bowls (para mim as melhores) e das opções indianas. Saber que tudo é feito com todo o amor e ingredientes o mais orgânicos possível só me faz gostar ainda mais deste café! O melhor: Ir aos Domingos e aproveitar o menu e o mercado orgânico até às 14h.
- Café Vida, Kynd, Organic Café
Há mesmo várias opções saudáveis em Canggu e qualquer cafézinho já tem uma smoothie bowl. O Vida tem as bowls mais instagramáveis de sempre (e o melhor health shot de cogumelos e cacau de sempre!), o Kynd é bonito mas fica no meio do caos de Seminyak e o Organic tem opções óptimas para o pequeno-almoço (smoothie bowls bem geladinhas, pudim de chia delicioso e salgados bons) e era onde ia sempre comprar geladinhos de pau vegan.
